terça-feira, 29 de setembro de 2009

O "INVASOR" DO POSTO NOVE

Ricardo Montedo

Uma lenda surge, geralmente, a partir de um acontecimento real, seja ele pitoresco, surreal, engraçado ou triste. Sobre esse fato que irei relatar, surgiram ao longo dos anos muitas versões, inserindo novos personagens, situando os fatos em outros locais,enfeitando a estória, de acordo com a imaginação de quem a contava.
Mas ele aconteceu sim, na escola de sargentos das armas, conhecida nacionalmente como ESA, e foi assim:
A cidade mineira de Três Corações, onde se localiza a ESA, é banhada pelo Rio Verde, que serpenteia pela topografia sinuosa e acidentada das terras do sul de Minas Gerais.
A escola foi construída em uma acentuada curva desse rio, de tal forma que só existe um muro na parte fronteira do quartel e todo o vasto perímetro restante é limitado pelas águas barrentas do Verde.
Na outra margem, do lado esquerdo do muro, existe um terreno plano em meio às montanhas, hoje tomado por construções que não existiam há algumas décadas atrás. Naquela época, o local era muito usado por circos e parques que vinham à cidade, e o fato ocorreu justamente durante a temporada de um desses circos.
O aluno Jalvarez , do curso de cavalaria, cumpria no posto nove o último quarto de hora de seu derradeiro serviço de guarda ao quartel antes da formatura, marcada para dali a poucos dias.
Eram três horas da madrugada e, em meio à escuridão intensa, Jalva, como era mais conhecido, vislumbrou um enorme vulto que se aproximava, vindo da barranca do rio.

- Alto lá, identifique-se! – gritou- seguindo as normas do serviço.

A aparição, entretanto, insensível à advertência, prosseguiu em direção ao guarda.

- Alto, alto lá! – e nada.

Tremendo de medo ante o que, a estas alturas, já lhe parecia coisa de outro mundo, o bravo guardinha ainda deu dois tiros para o alto, como prevê o regulamento, mas não teve coragem de dar o terceiro tiro, que deveria ser na “assombração”.
Fez meia-volta e abandonou o posto correndo, indo dar com os costados no corpo da guarda, gritando:

- Socorro!!!! Um m ...m... monstro!!!!!

Corre daqui, corre de lá, acorda-se toda a guarnição, põe-se em execução o plano de defesa, para só então se descobrir que o tal monstro era o elefante do circo, que havia cruzado o rio e invadido o quartel.
Comenta-se, e aí não posso confirmar, que o coronel Guacacaí, comandante do corpo de alunos, alertado por telefone, recomendou expressamente ao oficial de dia:

- Ponha logo esse elefante para fora da escola, senão ele também acaba saindo sargento!

3 comentários:

  1. Contam que na AMAM foi um jumento. Mas, como não puseram para fora, depois de quatro anos...

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  2. Tchê guri maldoso! Embora eu saiba que tua intenção é fazer pouco caso daqueles que, assim como eu, tiveram a honra de portar por quatro anos o sabre de Caxias, devo informá-lo que o animal era um cavalo e não um jumento. Há uma certa diferença. Entendeu meu roncinante amigo?

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  3. A propósito, AMAN é com N (negras)

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