O 144 RC sempre contou com figuras folclóricas, que ajudaram a construir sua história, os quais passaram a ser personagens de causos repetidos ao pé do fogo nas madrugadas geladas dos bivaques, nos intervalos de ronda noturna, na “tora” dos alojamentos.
O Cabo 67-SANTO foi um desses, e dos mais notórios, ele que respondia pela alcunha de Catatumba, corruptela de catacumba, fruto de seu ar soturno e perturbador, a esconder a alma pura que habitava o coração do competente ferrador.
Por ser simplório, era alvo de muitas peças por parte dos colegas, das quais, até onde sei, a maior foi esta:
Ocorre que Frei Sério, antigo capelão da 33ª Divisão de Cavalaria, recorria regularmente os quartéis, realizando celebrações religiosas de toda ordem.
Assim o foi também naquele dezembro calorento. A missa, a cujo comparecimento todos estavam obrigados, começou pontualmente a uma e meia da tarde, no lotado auditório do regimento. Vale lembrar que os militares classificam esse horário como “nobre”, pois o processamento do almoço pelo organismo recém inicia e a letargia é inevitável, a tal ponto de tornar-se um espetáculo divertido observar, durante uma ocasião destas, os companheiros cabeceando para lá e para cá, numa luta desesperada contra o sono.
Era o caso do Cabo Santo naquele dia, bom garfo que era, entregue à modorra, enquanto o dedicado frei desfiava sua ladainha que, pelas circunstâncias já descritas, revestia-se de poderosas qualidades soporíferas.
A identidade do gaiato que protagonizou tamanha maldade constitui-se num grande mistério, mas o fato é que, quando o capelão abriu os braços dizendo:
- Santo, santo, santo, senhor Deus do universo ...
O indigitado cutucou o pobre e adormecido cabo, sussurando:
- Tchê, Santo, é contigo...
Ao que o infeliz Catatumba, pondo-se em pé de um pulo e tomando a posição de sentido, respondeu, garbosamente:
- MEIA SETE!
Ninguém entendeu nada, menos ainda o subcomandante, que tratou logo de “receitar” para o cabo velho dez dias de “repouso” no “esquinão do capitão”, apelido carinhoso da cadeia do quartel.
Se fosse um oficial duvido que tinha tomado dez dias no tal do esquinão. Oficial pode tudo....
ResponderExcluirEssa piada é do tempo que os oficiais - pintavam o sete - em todo tipo de arbrietariedades e abuso de poder em cima dos " praças ". Hoje em dia o chamado - esquinão - já não é tão fácil ser lotado por um desvio funcional tão infímo e insignificante.E o pior, o dito " cabo véio " se não bastasse a discriminação e o despretígio ao longo de sua trajetória , também se dá mal até nas piadas !!!
ResponderExcluirTchê gurizada! Procurar causas sociais em uma piada bem bolada parece o cúmulo do pedantismo. Bons tempos aqueles que a gente se tratava como irmãos de arma (irmãos mais velhos e mais novos) e não como meros funcionários públicos. Saudações cavalarianas
ResponderExcluir